Para entender o espírito da casa, das festas, dos almoços aos domingos e a alma alegre dos imigrantes que ajudaram a construir a história da cidade de São Paulo, é necessário voltar um pouco atrás no tempo até a história dos pais de Maria Estefano Hannud, Josefina e Oscar.
Os pais de Josefina eram Nicola Dinacci, de Nápoles, e Maria di Lucca, de Castellamare. O casal veio para o Brasil em 2 de dezembro de 1897. Nicola, que era ourives, abriu uma joalheria na Celso Garcia. Josefina tinha 7 anos de idade e viveram no país até 1909.
Oscar era sírio, veio de Homs aos 19 anos, e seus irmãos tinham uma loja de tecidos bem próxima à joalheria de Nicola. Oscar trabalhava como mascate. Maria di Lucca, que era professora, tinha pena deste rapaz que trabalhava tão duro, e começou a cozinhar seus almoços. Mais tarde, ensinou-o a ler e escrever em português.
As famílias eram vizinhas de parede, e Oscar e Josefina começaram a namorar através de bilhetinhos passados por um buraco que fizeram no muro.
Maria di Lucca adoeceu e a família teve que voltar para a Itália em 1909. Antes de partirem, Oscar comprou de Nicola um anel para Josefina, deu a ela e com lágrimas nos olhos avisou que dentro de 3 ou 4 meses iria para a Itália atrás dela. Durante este tempo escreveu várias cartas para sua “Signorina Brasiliana”.
Em 5 meses, Maria di Lucca faleceu e seu marido adoeceu em seguida. Logo após a morte de Maria di Lucca chegou Oscar, cumprindo a promessa que fez no Brasil.
No dia de sua partida, ainda no Brasil, a família de Oscar, pensando que ele estava indo para a Síria onde haviam lhe arrumado uma noiva, foi se despedir entregando encomendas e dinheiro para ele levar aos parentes. Foi quando ele avisou: “Eu não vou para a Síria, estou indo para Nápoles casar com a minha Josefina”.
E assim, ele aos 27, ela aos 20, casaram em Castellamare. Montaram uma loja de casemira (tecidos) chamada “Casa Americana” e tiveram sua primeira filha, Maria, em 1913. Nicola faleceria 11 meses depois da esposa, e, em 1913, quando Maria tinha 4 meses, Oscar e Josefina resolveram voltar ao Brasil.
Montaram uma loja no Bixiga, a “Vila de Paris”. Enquanto ele era responsável pelas compras, Josefina atendia freguesas, costurava e bordava. Ela ainda encontrava tempo para fazer pão italiano, com a ajuda da filha, para dar aos vizinhos. A família havia crescido, o casal teve mais 5 filhos: Clélia, Orlando, Iolanda, Lina e Alzira, abriram uma segunda loja.